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“O que vi e senti em Boa Vista foi impactante. Mas está muito longe de ser algo triste.”

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Fui para Boa Vista – Roraima, para acompanhar a realidade dos nossos irmãos venezuelanos no local e mover minhas ideias. Mas pra eu fazer isso, eu precisava diminuir o espaço entre eu e o outro. Eu precisava sentar no chão e ouvir todas as histórias. Eu precisava olhar nos olhos daquelas pessoas, que clamam por ajuda. Precisava abraçar e dar a mão a uma criança. Eu tinha essa necessidade. Eu precisava entender o que estava acontecendo. E foi isso que eu fiz.

Vi venezuelanos que deixaram o seu país. Vi pais querendo uma vida melhor para os seus filhos. Vi mães querendo colocar seus filhos na escola. Vi homens com inchadas, fazendo diárias e depositando todo o valor que ganha, para a sua família na Venezuela. Vi crianças se emocionarem, quando ficaram sabendo que iriam ter um novo lar. Vi um venezuelano acolhendo um brasileiro. Vi pessoas que só querem ter alguém para conversar sobre o que está acontecendo/sentindo. Vi nossos irmãos, em situações que dói e muito o coração.

Em Boa Vista, fazia muito sol, muito calor e não havia turistas, não havia tradutor, não havia desamor, havia pessoas

do Brasil inteiro indo ajudar pessoas que nunca tinham visto na vida. Estávamos com 27 caravaneiros, para quem não sabe, o sinônimo de caravaneiro é anjo.

Esses anjos ofereceram atendimentos na área da saúde e assistência social para idosos, adultos, jovens e crianças (muitas crianças). Além disso, eu observava o quanto eles queriam ajudar mais e mais pessoas, a fim de dar o melhor de si o tempo inteiro.

Diferentes pessoas, diferentes famílias, diferentes idiomas, diferentes culturas, reuniam-se no mesmo local e cultuavam a fraternidade e propagavam um dos mais belos ensinamentos de Jesus: “Amai-vos uns aos outros da mesma forma que vos amei”.

 

Assim, me deixei levar em todos esses quatro dias de caravanas. Me conectei com as pessoas. Entendi que eu não sou nada sem o outro. Porque ali eu vi o amor. Amor de  Deus, que habita em toda a energia universal, e amor ao próximo. Aprendi que o ser humano é ser com os outros. Tudo era em plural. Enxerguei o outro. Vivi em comunhão. Me preocupei com os outros. Chorei com a dor do outro. E compreendi, que o meu trabalho não era apenas de contar o que estava acontecendo, mas sim, vivenciar tudo aquilo.

Obrigada. Ou apenas “muchas gracias”. Muchas gracias por me mostrar as maravilhas que o homem é capaz de

construir. Muchas gracias por me mostrar a riqueza de sua gente, diante da miséria de seu povo.

O que vi e senti em Boa Vista foi impactante. Mas está muito longe de ser algo triste. São momentos/histórias, que irei levar para minha vida inteira. Gratidão Fraternidade sem Fronteiras e a todos que fazem parte desta corrente de amor. Um só povo. Um só coração. Ubuntu todos os dias!

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